Hoje vou postar a resolução de um estudo de caso da Residência, que é o seguinte:
"O sr. J. N. G. de 55 anos, tabagista, hipertenso, procurou o Pronto Socorro com o quadro de dor em aperto (precordial) no peito de início súbito, constante, de forte intensidade com irradiação para pescoço e mandíbula e membro superior E, há aproximadamente uma hora, e apresentou um episódio de síncope. Relata que estava tomando banho quando iniciou os sintomas e que no caminho para a emergência deste hospital houve piora dos sintomas álgicos e progressão para região epigástrica. Ao exame físico: paciente lúcido e orientado no tempo e espaço, fácies de dor, palidez cutânea, sudorese fria e pegajosa, dispneico, taquicárdico e afebril. PA: 80x45mmHg, FC: 110bpm, FR:28rpm, Tax: 36,6°C. MV com estertores pulmonares crepitantes bilateralmente. AC: 2T, BNF, sem sopros, pulso braquial e radial palpáveis, presença de B3, presença de estase jugular, abdômen- normal MMSS. Enzimas cardíacas: CK total - 200 U/I (VR: 0-150 U/I); CKMB - 220 (>5%), Troponina I - 8,47µg/ml (VR < 1µg/ml). Ao realizar ECG observou-se um supra desnivelamento de ST em V1 a V6, AVL e D1".
Primeiro vou explicar um pouco de anatomia e fisiologia cardíacas:
O coração é um órgão vital, que tem função de bombear o sangue rico em oxigênio para todo o corpo. É importante saber que as artérias saem do coração e as veias retornam.
Para fornecer oxigênio para todos os tecidos, o fluxo sanguíneo segue um caminho, que se inicia na Veia Cava superior e inferior, que retornam o sangue do corpo para o coração, no Átrio Direto. O sangue então passa pela válvula atrioventricular direita (ou tricúspide) e chega ao Ventrículo Direito. Logo após, o sangue é bombeado em direção aos pulmões, passando pelo Tronco Pulmonar e Artérias Pulmonares. Chegando ao pulmão, ocorre a troca gasosa (hematose), onde o dióxido de carbono (CO2) dá lugar ao oxigênio (O2). Após esse processo, o sangue segue para as Veias Pulmonares, que desembocam no Átrio Esquerdo, passando pela válvula atrioventricular esquerda (ou bicúspide, ou mitral), para chegar ao Ventrículo Esquerdo, que é a câmara cardíaca com a parede mais espessa, já que é a responsável por ejetar o sangue para o restante do corpo, passando pela Artéria Aorta e se ramificando à medida que alcança os tecidos.
O coração também possui artérias e veias coronárias, responsáveis por irrigar o tecido cardíaco. No caso apresentado no estudo, estamos nos deparando com um possível Infarto Agudo do Miocárdio, que ocorre a partir de um trombo em algum desses vasos cardíacos, que acaba por impedir a passagem de sangue para determinada área do coração.
Essa patologia apresenta sintomatologia semelhante à descrita no caso, como dor precordial de forte intensidade e com irradiação para áreas específicas e sudorese. O paciente também apresentava fatores de risco para desenvolver essa doença, como ser hipertenso e tabagista.
O exame clínico evidenciou fácies de dor, palidez cutânea, sudorese, hipotensão, dispneia, taquicardia, estertores pulmonares, presença de 3ª bulha e estase jugular.
Os exames laboratoriais revelam aumento significativo de enzimas cardíacas CK 200 U/I (valor de referência: até 150 U/I), CKMB 220 U/I (valor de referência: até 5 U/I) e Troponina 8,47µg/ml (valor de referência: inferior a 1µg/ml).
E o exame de imagem (Eletrocardiograma) mostra supradesnivelamento no segmento ST em quatro derivações, o que indica IAM com supra, ou seja, houve necrose do tecido cardíaco na área afetada.
As principais ações de enfermagem nesse caso são:
1. Puncionar AVP calibroso, preferencialmente em MSE;
2. Administrar O2 se Sat < 90%;
3. Manter monitorização cardíaca, oximetria e PA;
4. Aferir sinais vitais a cada 1h, principalmente PA, que deve estar abaixo de 185 x 110 mmHg para realizar o tratamento fibrinolítico;
2. Administrar O2 se Sat < 90%;
3. Manter monitorização cardíaca, oximetria e PA;
4. Aferir sinais vitais a cada 1h, principalmente PA, que deve estar abaixo de 185 x 110 mmHg para realizar o tratamento fibrinolítico;
5. Preparar o paciente para iniciar tratamento com fibrinolítico, em até 30 minutos após a entrada no hospital (tempo porta-agulha);
6. Preparar o paciente para realizar terapia de reperfusão, em até 90 minutos (tempo porta-balão), caso ele não seja indicação para tratamento fibrinolítico;
7. Iniciar protocolo de IAM, e administrar medicamentos que reduzem a mortalidade, como por exemplo AAS (se não tiver contraindicação, como alergia ou hemorragia), Clopidogrel e Heparina, CPM;
8. Administrar Nitrato (antianginoso) conforme prescrição médica (contraindicado para pacientes que utilizaram Fosfodiesterase nas últimas 24 horas).
Lembrem-se: Conhecimento bom é conhecimento compartilhado!
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