Ana Carolina Bizinoto Silva - Residente
de Nutrição - UTI
Bárbara Festa Gomes - Residente de
Enfermagem - UTI
Gabriela Cerqueira Santos - Residente
de Farmácia - Urgência e Emergência
Guilherme Dos Santos Rodrigues -
Residente de Terapia Ocupacional - UTI
Igor Ribeiro de Oliveira - Residente de
Fisioterapia - Urgência e Emergência
Ingrid Gomes de Souza - Residente de
Fisioterapia - UTI
Karla Azevedo da Mata - Residente de
Fisioterapia - UTI
Keyla Bispo Silva - Residente de
Enfermagem - UTI
Maria Isabel Musto Najar Rios -
Residente de Enfermagem - Urgência e Emergência
Natália Fonseca da Silva - Residente de Framácia - UTI
Natália Fonseca da Silva - Residente de Framácia - UTI
Valdineia Barbosa - Residente de
Enfermagem - Urgência e Emergência
Vanessa Cristina Pinho de Sousa Fabião
- Residente de Psicologia - UTI
Caso
Clínico Multiprofissional
Hospital
Municipal Dr. Carmino Caricchio (Tatuapé)
Paciente M. F. S., 20 anos, sexo
masculino, natural de Minas Gerais, deu entrada alcoolizado e sem acompanhante
no Hospital Municipal Doutor Carmino Caricchio no dia 11/03/2020, transferido
do Hospital Alexandre Zaio, após politrauma por atropelamento de metrô (data do
acidente: 11/03/2020). Foi recebido no Pronto Socorro com fratura exposta em
MID, lesão sangrante em crânio e cotovelo, bem como múltiplas escoriações. Realizou
cirurgia de urgência, na qual foi realizada fixação externa em MID e região
patelar. No mesmo dia foi admitido na UTI no pós operatório para cuidados
intensivos.
Hipótese Diagnóstica atual:
1. Choque séptico hipovolêmico de foco
pulmonar (revertido)
2. HSA + pequenos focos hemorrágicos
subcorticais em região frontal do crânio (lado direito) + fratura do arco
zigomático (lado direito)
3. TCE leve (lado direito) - Glasgow
14.
4. FCC parietal direito - saturado.
5. Fratura exposta da patela direita +
fratura exposta do tornozelo direito (pós operatório de fixação externa -
aproximação bordas em joelho direito)
6. Plaquetopenia
Enfermagem
Paciente encontra-se na UTI, em seu 13° DIH, devido a choque séptico e hipovolêmico. Ao exame físico encontra-se consciente, contactuando, respondendo fisicamente às solicitações verbais, com episódios de confusão, ECGl 14, BEG, pele com turgor compatível com a idade, acianótico, normotérmico, com necessidade de suporte ventilatório. Crânio normocefálico, presença de ferida em região temporal D com sutura, sem sinais de infecção e escoriação em região occipital. Olhos simétricos, escleróticas com pontos de hiperemia, pupilas isocóricas e fotorreagentes. Tórax simétrico, expansivo bilateralmente, ao exame cardiorrespiratório bulhas rítmicas hiperfonéticas 2 tempos sem sopro, ictus cordis palpável, presença de AVC em VJE sem sinais flogísticos, TEC<2 segundos, PA 120x66 mmHg, FC 108 bpm, sem edema de MMSS e MMII, pulsos rítmicos e cheios. À ausculta pulmonar MV+, com presença de estertores em bases pulmonares D e E, presença de dispositivo de VNI, FR 20rpm, Sat.O2 99%. Abdome plano, à ausculta RHA+, som timpânico à percussão, sem alterações e sem massas palpáveis. Genitália íntegra, fazendo uso de uripen e fralda descartável, DU 500ml, urina clara sem sedimentos. Presença de escoriações em MMII, lesão medial E e fixador externo D.
Problemas encontrados
- Paciente etilista
- Tabagista
- Ex usuário de drogas
- Múltiplos traumas
- Fratura exposta
- Lesão sangrante
- Pós cirurgia
- Choque séptico e hipovolêmico
- Focos hemorrágicos subcorticais
- Necessidade de suporte ventilatório
- Ferida em região temporal, e em MID
- Esclerótica com pontos hiperemiados
- Bulhas hiperfonéticas
- AVC em VJE
- Estertores em base pulmonar D e E
- FC 108 bpm
- Plaquetopenia
Glossário de Enfermagem
MID: membro inferior direito
UTI: unidade de terapia intensiva
HSA: hemorragia subaracnoidea
TCE: traumatismo cranioencefálico
FCC: fístula carotídeo-cavernosa
Plaquetopenia: diminuição do nível das plaquetas
DIH: dia de internação hospitalar
Choque séptico: relacionado à infecção
Choque hipovolêmico: perda de volume (neste caso, sangue)
D: direito
E: esquerdo
ECGl: escala de coma de Glasgow
BEG: bom estado geral
Turgor: elasticidade da pele relacionada à hidratação
Acianótico: coloração da pele normal, não está cianótico (pele azulada devido à falta de oxigênio)
Sutura: aproximação das bordas da ferida com pontos cirúrgicos
Escoriação: ferimentos superficiais com perda de pele
Simétricos: equidistantes, do mesmo tamanho
Hiperemiado: vermelhidão devido a extravasamento de sangue
Isocóricas: mesmo tamanho
Fotorreagentes: respondem ao estímulo luminoso
Bilateralmente: relativo aos dois lados
Bulhas: som de fechamento das válvulas cardíacas
Hiperfonéticas: som audível acima do padrão
Sem sopro: sem refluxo sanguíneo cardíaco
Ictus cordis: ápice do coração
AVC: acesso venoso central
VJE: veia jugular esquerda
Sinais flogísticos: sinais de inflamação
TEC<2seg: tempo de enchimento capilar menor que dois segundos
PA: pressão arterial
FC: frequência cardíaca
Edema: extravasamento de plasma que gera inchaço
MMSS: membros superiores
MMII: membros inferiores
MV+: murmúrios vesiculares presentes (som normal pulmonar)
Estertores: som de bolhas decorrentes da presença de secreção pulmonar
VNI: ventilação não invasiva
FR: frequência respiratória
Sat O2: saturação de oxigênio
RHA+: ruídos hidroaéreos presentes (som normal abdominal)
Percussão: som produzido após golpear uma região do corpo
Timpânico: som decorrente da ausência de massa
Uripen: dispositivo não invasivo para auxiliar a micção
DU: débito urinário
Paciente internado na UTI inicialmente
sem estar contactuante, visto que estava intubado e sedado, e sem
acompanhantes. Por ter como motivo de internação um acidente traumático, o
paciente pode acordar da sedação com desorientação temporo-espacial e com a memória
de curto prazo prejudicada.
Problemas encontrados:
- Paciente
poderá acordar da sedação desorientado no tempo e no espaço.
- Paciente
poderá ter a memória de eventos recentes prejudicada.
- A
confusão de eventos somado a desorientação e a consciência dos danos
físicos/funcionais em seu corpo, poderá causar significativos prejuízos à
saúde mental do paciente, tornando-o fragilizado psiquicamente.
- A
fragilidade emocional e psíquica poderá impedi-lo de enfrentar o processo
de hospitalização de um modo adaptativo.
- Paciente
sem rede de apoio (familiares, amigos) para auxiliá-lo no enfrentamento da
hospitalização e do trauma, até o momento da internação.
- Por ter
dado entrada no hospital sem acompanhante e alcoolizado, não é possível
coletar informações sobre sua história de vida e dados de saúde, bem como
sobre os acontecimentos que levaram ao politrauma.
- Possibilidade
de histórico de abuso de álcool.
Glossário de Psicologia:
Desorientação temporo-espacial:
indivíduo desconhece em que data, mês ou ano está, e em qual local se encontra.
Memória de curto prazo: lembranças de
eventos recentes e atuais.
Hospitalização: processo ao qual o
paciente encontra-se após internação que poderá ser enfrentado de modo sadio ou
traumático/ adaptativo ou desadaptativo.
Trauma: qualquer acontecimento que
causa danos físicos, funcionais, emocionais ou psicológicos no indivíduo.
Nutrição
Paciente em processo de desmame de SNE.
Este processo depende da avaliação do profissional fonoaudiólogo para verificar
preservação de função da musculatura responsável pela deglutição, visto período
sem utilizá-la, para que assim a consistência dos alimentos ingeridos evolua de
forma gradativa, dentro de um intervalo de tempo satisfatório e sem
riscos.
No momento, o quadro de funcionários
conta apenas com uma fonoaudióloga, que atua em todo o hospital e a mesma
encontra-se afastada. Portanto, o processo está sendo realizado de forma mais
lentificada.
Paciente pode receber alta hospitalar
por estar clinicamente estável e evoluindo sem intercorrências na alimentação
via oral, porém sem ainda conseguir atingir 100% da NP e NP via oral, além de
estar com capacidade de locomoção reduzida.
Problemas encontrados
- Auxílio
da fonoaudiologia impossibilitado no momento;
- Caso
venha receber alta sem atingir 100% da NE e NP, dúvidas quanto a conseguir
dar continuidade na evolução da alimentação via oral até atingir suas
metas em casa, por estar com sua autonomia reduzida, podendo interferir no
processo de cicatrização e recuperação como um todo, desbalanço de sistema
imune e complicações associadas;
Glossário de Nutrição
SNE: sonda nasoentérica
NE: necessidade energética
NP: necessidade proteica
Fisioterapia
Paciente precisou de suporte
ventilatório mecânico devido ao procedimento cirúrgico em que foi
submetido.
Ao chegar na unidade de terapia
intensiva, foi avaliado pela equipe de fisioterapia, que iniciou a diminuição
dos parâmetros ventilatórios com objetivo de desmame ventilatório e
extubação.
No dia 15/03 o paciente foi extubado e
no dia 16/03 apresentou RNC + insuficiência respiratória, sendo reintubado e
permanecendo assim até dia 21/03, quando em um momento de agitação psicomotora,
se auto extubou. Paciente apresentou dessaturação e a equipe de fisioterapia
optou por inserir a nebulização a 5 l/min a fim de manter a sat02 entre
95-100%.
Problemas encontrados
- Dependência
ventilatório mecânica
- Risco
de declínio funcional (pela imobilidade no leito)
Glossário de Fisioterapia
Suporte ventilatório mecânico: utilização de aparelho que substitui ou
auxilia a ventilação espontânea, ou seja, a respiração do paciente, com
objetivo de diminuir o trabalho respiratório, aumentar a oxigenação e melhorar
a troca gasosa, entre outros.
Desmame Ventilatório: processo em
etapas para a retirada do suporte ventilatório mecânico.
Extubação: procedimento realizado para
a remoção do aparelho ventilatório (tubo).
Extubação: remoção não intencional do
aparelho ventilatório (tubo).
RNC: rebaixamento no nível de
consciência.
Saturação de O2: porcentagem de
oxigênio que o sangue está transportando comparada com a capacidade máxima que
o sangue consegue transportar pelo corpo.
Insuficiência respiratória: quando o sistema respiratório não consegue realizar as trocas gasosas de maneira adequada.
Insuficiência respiratória: quando o sistema respiratório não consegue realizar as trocas gasosas de maneira adequada.
Farmácia
Segundo prescrição do dia 25/03 o
paciente encontra-se fazendo uso das seguintes medicações:
1. Meropeném 2.000mg IV - 8/8 horas (D8)
2. Vancomicina 1.000mg IV - 12/12 horas (D8)
3. Biperideno 5mg IM - 12/12 horas
4. Dipirona 1.000mg IV - 6/6 horas (SN)
5. Fentalina 0,05mg/mL 2mL - Administrar 50 mL IV, ACM
6. Haloperidol 5mg - 8/8 horas
7. Midazolam inj 10mL 5mg/mL - Administrar 50mL, IV,
contínuo, BIC
8. Omeprazol inj 40mg IV - 12/12 horas
9. Ranitidina 50mg IV - 8/8 horas
10. Glicose 50% 10mL amp 500mg/mL -
Administrar 40mL IV (SN)
11. Insulina regular humana 10mL 100UI/mL -
Administrar 1UI, SC (SN)
Problemas encontrados
- O
biperideno administrado simultaneamente com outros psicofármacos pode
potencializar os transtornos à nível de SNC e periférico;
- O
haloperidol pode aumentar a depressão do SNC causada por outros
depressores do mesmo, no caso fentanila e midazolam;
- Alteração
dos parâmetros bioquímicos: fosfatase alcalina, GGT, amilase, TGO e TGP, o
que sugere uma possível hepatotoxicidade;
- Por não ter contato com a família fica impossibilitado a conciliação farmacêutica;
Glossário da Farmácia
ACM- a critério médico;
AMP - ampola;
BIC - bomba de infusão contínua;
D8- 8º dia de administração;
IM - intramuscular;
INJ - injetável;
IV - intravenoso;
SC - subcutânea;
SN - se necessário;
SNC - sistema nervoso central;
SNE - sonda nasoentérica;
UI - unidades internacionais;
Terapia Ocupacional
Paciente internado e não contactante,
sedado e entubado, sem rede familiar próxima, e por ser um acidente que
ocasionou traumas, ele pode ter algumas aferições em relação ao sistema
cognitivo e sensório-motor.
Problemas encontrados
- Paciente
por estar sedado e contido, pode apresentar rigidez articular, e
diminuição dos movimentos de MMSS e MMII.
- Os
traumas sofridos devido ao acidente aferem na sensibilidade do corpo,
deixando o paciente com hipersensibilidade ou hiposensibilidade.
- Devido
ao tempo e o acidente ter sido medio/grave, pode apresentar desorientação
em relação a ele, ao tempo, e ao espaço.
- Por não
ter uma rede social próxima, e estar com escoriações do acidente,
pode ocorrer episódio de depressão, solidão, e pensamentos suicidas.
- Observar
os níveis de consciência, dor, edema após o desmame da sedação.
Glossário Terapia Ocupacional
MMSS: membros superiores
MMII: membros inferiores
Hipersensibilidade: aumento excessivo
da sensibilidade da pele
Hiposensibilidade: diminuição excessivo
da sensibilidade da pele
Rede social: família (pai, mãe, irmãos,
tios, tias)
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